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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Tente não ler o cinema: assista


Acabo de ler/assistir à maratona de “O Senhor dos Anéis”. Cansativo, mas para quem está de férias indefinidas é um bom entretenimento. Me perguntaram se os filmes levam os livros ao pé da letra. Nesse contexto gostaria de esclarecer uma coisa: li uma entrevista ou sinopse (não me recordo) com o roteirista Marcos Rey que, quando perguntado sobre as críticas aos filmes que são adaptações literárias, ele disse mais ou menos assim: ‘geralmente quem não gosta das adaptações literárias para as telas são críticos literários, que não entendem nada de roteiro!’

Ta explicado? Não? Vamos lá! Nunca espere dos filmes o que você leu nos livros.


Invariavelmente você vai se decepcionar. Película és uma cosa! Libro és otra! Assim como música não é sinônimo de pintura que não se pode comparar ao teatro que, por sua vez, não é televisão. Cada arte em seu espaço. Claro que todos juntos dá uma sincronia quase perfeita, porém não são a mesma coisa.


Baseado nessa teoria, falemos primeiro dos livros. Das vezes que assisti à uma adaptação, 70% já os havia lido (não foi o caso de “O Senhor dos Anéis”). Desses, somente uns 10% correspondeu às personagens que eu imaginei em minha leitura. “Asi és, compa!”. Sinta seus sentidos: ler é imaginar, assim como escutar o rádio. Quando você vê, muda a percepção. Bingo! Cada arte à sua maneira. Como eu já tinha assistido ao filme dos "anéis" e, muito tempo depois, li o livro, já tinha certa definição das personagens em minha cabeça.

Meu amigo Jorge também deu uma definição interessante ao mundo fílmico/literário de hoje: “Antigamente líamos para absorver idéias e imaginar o cenário. Hoje as pessoas assistem aos filmes e depois lêem o livro, com as personagens já prontas. Preguiça de pensar? De florescer a imaginação?”.


Portanto, tente assistir à um filme sem pensar muito no livro. O roteirista não é o escritor, e vice-versa. Lembre-se de que o filme é adaptação. Por falar nisso, terminei de ler o segundo livro “As Duas Torres”. O problema é que eu vi o último, “O Retorno do Rei”, em DVD e já não estou mais muito interessado em lê-lo. Vou seguir o conselho de meu amigo: primeiro leio, depois assisto, mas com outros olhos.

GOSTO É IGUAL...


Várias vezes escutei de pessoas que só tem um gosto musical, frases do tipo: “aquele som é uma merda. Isso que ouço é que é legal”. Fiquei curioso! O que define uma coisa boa de outra ruim. A meu ver, cada um tem seu gosto, mas me parece que quando abrimos os ouvidos para uma novidade ou para certo tipo de música, nos sentimos melhores (na verdade, eu me sinto melhor).
Veja um exemplo: o Sertanejo Universitário. Desde pequeno escuto o que hoje chamam de sertanejo de Raiz ou Caipira: Tonico e Tinoco, Léo Canhoto e Robertinho, Pena Branca e Xavantinho, para citar alguns. Nos anos 80 estourou o Sertanejo Comercial, com Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Xororó, Zezé de Camargo e Luciano. Não que eu não gostasse, mas acho que de tanto ouvir nas rádios tomei ojeriza destes nomes. Porém, há músicas deles que ficam na cabeça durante décadas. “É o amorrrrrr...”.


Agora vem esse outro fenômeno comercial intitulado Sertanejo Universitário. É bom? Não sei. No entanto a influência do rock e do folk neste novo ritmo, me chamou a atenção.
Escute “Ciumenta” de César Menoti e Fabiano ou “Tem que Ser Você” de Vitor e Léo (que me lembra o Ritchie, dos anos 80) ou, ainda, “De tanto te querer”, de Jorge e Matheus e, se você tem um pouquinho de percepção musical, vai entender do que estou falando. Esse é o grande barato da música no século XXI. Variação! E com requinte!


O que falar de Marcelo D2, com o Acústico MTV (Samba e Hip Hop); Los Hermanos (Samba e Rock); Gustavo Macaco (Folk Rock); Latino (Sertanejo Funk); Café Tacuba (Salsa Cumbia Regional). Nos 60 Caetano gravou Vicente Celestino e Roberto Carlos, dizendo que precisava experimentar. Até o Led Zeppelin misturou música indiana e orquestra sinfônica em seus arranjos!


Lembrando para os mais conservadores que vários grupos de Hard Rock e Heavy Metal também fizeram suas misturas. O Sepultura já gravou com Zé Ramalho, O Rappa e Titãs. Os novatos são os que mais inovam: o Fresno fez parceria com Chitãozinho e Xororó (???). Quer coisa mais estranha que isso?


Pois é, gente! Estamos na era da inovação. Invente! Reinvente! Bata tudo no liquidificador! Miscelânia! Algumas dão certo, outras não! Portanto, escolha bem entre o novo e o velho. Entre o gostoso e o duvidoso. Entre a qualidade e o conteúdo. Não precisa ouvir um disco inteiro de quem você não gosta, no entanto não precisa ficar metendo o pau se, no fundo no fundo, você curtiu aquela “balada triste que ‘te’ faz lembrar alguém...”.