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quinta-feira, 10 de julho de 2008

Comunidades x Cidades

Caminho. Chego 40 minutos depois. Onde estou? Talvez o paraíso! Bem! Não é o paraíso, pois não há chuveiro com água “caliente”, fogão ou geladeira. Mas esse tipo de paraíso é para quem não conhece a vida real! Sim! Queremos conforto! E quem disse que em uma comunidade indígena não há conforto?! Para os indígenas, sim! Talvez para alguns ocidentais tomar banho no rio, cozinhar à lenha, andar 1 km para buscar água potável, seja demasiado desconfortável. E se perguntam: Como conseguem, esses índios, viverem assim?

“Así és, compa!” Vivem desta maneira há séculos. Claro que com interferência do homem branco. Em algumas comunidades já há eletricidade. Em outras não. Todos se vestem com roupas da cidade. E o que os diferencia dos demais seres humanos? Sua luta! Luta diária por liberdade, dignidade, por suas terras, por sua cultura.

Estou em Bolow Ajaw, comunidade zapatista que faz parte do caracol de Morélia, Chiapas, México e vejo essa luta dia a dia. É o terceiro dia, de uma semana, e vivo/convivo com eles, aprendo sua língua (Tzeltal) e seu modo de manter suas terras. Esta comunidade, que se localiza nas Cascadas de Água Azul, conquistou suas terras em 1994, porém, somente em 2003 foi povoado por indígenas autônomos zapatistas e. ao que parece, vieram para cá por que o governo quer transformar toda esta área em ponto turístico.

Agora, estando aqui, entendo a luta. O lugar é bonito! Incrivelmente bonito! E com terrenos cultiváveis. Entendo “pues” por que o governo quer tomar essas terras, por que fazem uso de forças paramilitares para isso.

Para muitos de nós, estrangeiros de vida confortável, talvez seja uma luta sem sentido, que realmente deveriam transformar tudo em um parque eco-turístico. O que tenho a dizer é que nós, ocidentais, deveríamos estar aqui para entender que esta luta não é em vão.

São séculos de apropriação de terras, de escravidão, de mortes indígenas. Se parece muito com a luta dos negros no Brasil e, numa escala menor, a luta do MST. A diferença na terra do samba é que ao invés de revolução, fazemos carnaval.